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Archive for julho \27\-03:00 2012

Foram apenas cinco jogos, mas não tenho medo de dizer: a Seleção Brasileira tem um novo craque. Titular nos amistosos pré-olímpicos, Oscar ganhou a vaga de Ganso e já fez uma grande partida na Olimpíada, nesta quinta-feira, contra o Egito. Com várias assistências pela Seleção, ele roubou até o protagonismo do astro Neymar. Mesmo a imprensa internacional tem preferido destacar os feitos do novo jogador do Chelsea.

Não é à toa. Oscar realmente tem merecido tudo que conquistou com a amarelinha, porque sua evolução de um ano para cá tem sido impressionante. Ele deixou de ser um menino tímido para se tornar o melhor meia do futebol brasileiro, posição também perdida por Ganso. Mas qual é o grande diferencial de Oscar para o santista? Por que ele é tão melhor para a Seleção? Por que o Chelsea investiu cerca de 25 milhões de euros nele?

O grande segredo do futebol do Oscar é a movimentação. Ele é um meia com técnica, sabe fazer passes, lançamentos e até finalizar. Mas não é excepcional em nada disso. Ele é excelente na movimentação, na maneira como sabe se posicionar e fugir da marcação. Não fica centralizado, imóvel, como costuma fazer o próprio Ganso. Oscar cai pelas pontas, aparece na área e, dessa forma, preenche e abre espaço para seus companheiros. Isso é fundamental no futebol de hoje.

Contra retrancas cada vez mais evoluídas, só há uma forma de escapar: movimentação. É preciso que os jogadores invertam posições, como Neymar e Hulk têm feito com Oscar. Se ficarem imóveis, serão presas fáceis para qualquer retranca. Se mudarem de posição, vão confundir qualquer marcação. E a inteligência de Oscar para fazer isso tem estimulado todos jogadores do Brasil a fazer o mesmo. Basta ver o passe do meia para Rafael, no primeiro gol contra o Egito. Sem Oscar aquele gol jamais sairia, justamente porque ele se movimentou pela direita e induziu a Rafael a sair da lateral para o centro.

Oscar tem provado rapidamente que é muito melhor do que Ganso. Pode não chutar tão bem ou até não ter a mesma visão de jogo. Mas traz movimentação para uma equipe que precisa jogar exatamente assim, em velocidade. Se continuar nesse ritmo, vai roubar até a posição de Neymar. Não em campo, claro, pois atuam de forma diferente. Mas como principal craque da Seleção Brasileira, seja para conquistar a medalha de ouro, que ainda aposto que virá em 2012, seja para defender o País na Copa do Mundo de 2014.

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Cego pelo título e empolgado pela festa, o palmeirense pode até tentar negar, mas é fato: o time de Felipão era o pior entre os quatro semifinalistas da Copa do Brasil. Grêmio e São Paulo têm elencos melhores, principalmente no ataque. E o Coritiba, mesmo sem estrelas, era melhor taticamente. O Palmeiras só é competitivo por causa das bolas paradas de Marcos Assunção. Como pode um time tão fraco ser campeão?

E o cenário era ainda pior por causa de alguns acontecimentos absurdos. Olhando para trás, lembramos da contusão de Wesley, que só foi contratado para virar desfalque. Mais para frente, teve o sequestro de Valdivia, que se recuperou, mas depois foi expulso na primeira final. Aliás, na decisão surgiram mais dificuldades: Barcos teve uma apendicite e Henrique acordou com febre na quarta-feira decisiva. Como pode um time tão azarado ser campeão?

E não era só azar. No mesmo dia em que o Corinthians foi campeão da Libertadores, na véspera do jogo de ida contra o Coritiba, surgiu a notícia de uma briga entre dirigentes palmeirenses. Verdade ou não, é um símbolo de como funciona o ambiente palestrino. Mesmo na maior das festas, pode surgir a maior das confusões. Sempre há alguém torcendo contra, mesmo que esteja do mesmo lado. São palmeirenses que não querem o melhor para o Palmeiras. Não tente entender. Apenas reflita: como pode um time ser campeão com um ambiente assim?

E ainda existem outros poréns. Vale lembrar que o Palmeiras está sem estádio. Foi jogar em Barueri, fora da capital paulista. Vale lembrar que o Palmeiras estava pressionado por tantos fracassos vergonhos recentes. E, acima de tudo, vale lembrar que o Palmeiras superou tudo isso. Como? Não é fácil explicar. Mas é necessário valorizar.

Todas essas dificuldades citadas acima só aumentam o valor do título do Palmeiras. Se antes diziam que ele estava virando um time pequeno, agora ele mostrou como é gigante. A camisa pesou. A tradição fez diferença. E os jogadores se superaram. Nada mais explica esse título. Porque o Palmeiras realmente não deveria ter sido campeão. Mas brigou o bastante para ser o campeão com mais justiça. E não há nada mais bonito no futebol do que um título justo e bem entregue.

Não deveria. Mas foi justo demais

Não deveria. Mas foi justo demais

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O Corinthians tinha um problema no gol. E quem resolveu? Engana-se quem pensa que foi o Cássio. O mérito é do Tite, que teve coragem de bancar a mudança no momento certo.

O Corinthians tinha um problema na zaga. E quem resolveu? Engana-se quem pensa que foi Chicão, que entrou no lugar do lesionado Paulo André e deu conta do recado. O mérito é do Tite, que soube afastá-lo na hora certa em 2011 e recuperá-lo no momento necessário, neste ano.

O Corinthians tinha um problema no ataque. E quem resolveu? Engana-se quem pensa que foi Alex, que entrou no lugar de Liédson. O mérito é do Tite, que armou condições do time jogar sem um centroavante fixo na área.

O Corinthians tinha uma solução escondida no banco de reservas. E quem resolveu? Engana-se quem pensa que foi Romarinho, que entrou para decidir. O mérito é do Tite, que tomou a difícil decisão de afastar Willian do elenco.

O futebol é injusto por natureza. Mas quem sofre a maior injustiça desse esporte são os treinadores. Eles não jogam, mas são considerados os culpados. O atacante chuta para fora, o zagueiro não afasta o perigo, o goleiro falha, mas a responsabilidade sempre fica com quem sequer entra em campo. Por isso mesmo é tão importante fazer o contrário: valorizar o trabalho de um treinador quando tudo dá certo e um grande título é conquistado.

E no caso de Tite essa valorização é ainda mais importante. Afinal, por diversos detalhes, como alguns citados acima e outros ainda a citar, ele foi decisivo para o Corinthians. Já tinha sido fundamental no Campeonato Brasileiro. Agora foi ainda mais brilhante na conquista da Copa Libertadores da América. E com diferentes méritos, que vão além da escolha de jogadores.

Taticamente o principal mérito foi apostar em um sistema defensivo forte, que jamais pode ser confundido como retranca. O segundo gol de Emerson contra o Boca Juniors comprova isso: o Corinthians marca na frente, às vezes sob pressão, sempre disposto a roubar a bola e arrancar em velocidade para o gol. Se isso não dava certo, o time realmente recuava, mas de uma maneira tão efetiva que não chegava a sofrer pressão. Era difícil ver o Corinthians viver longos apuros, seja na Bombonera, na Vila Belmiro ou em São Januário.

Mas há outro mérito ainda maior de Tite: ele tinha o elenco do Corinthians em sua mão. Porque não adianta um técnico entender de futebol. Ele precisa convencer o grupo disso. Em sua carreira, Tite sempre mostrou ter muito conhecimento tático, mas nunca os jogadores entenderão tão bem seu jeito peculiar de falar. No Corinthians todos entenderam seus pedidos e obedeceram rigorosamente. Foram tão fiéis quanto a torcida. E por isso receberam de volta a fidelidade dos 30 milhões de apaixonados.

O Corinthians tinha um trauma histórico. E quem resolveu? Engana-se quem pensa que foi Emerson, Cássio, Danilo ou Paulinho. O mérito é do Tite, que transformou um pesadelho em sonho realizado. O mérito é do Tite, que fala muito, mas fala muito certo. O mérito é do Tite,  um dos maiores treinadores da história do Corinthians.

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Chato é perder


Os jogadores tiveram que ouvir vaias. O técnico teve que responder às críticas. Mas nunca entendi qual era o problema. A Espanha foi tachada como “chata” e outros adjetivos piores durante a Eurocopa. Mas no final deixou a lição mais preciosa que poderia ensinar: chato é perder. A Espanha sabe vencer como poucos e, quando pode, ainda dá espetáculo.

A Espanha paga o preço de qualquer time que está na história: o nível de exigência é alto demais com quem já fez muito. A torcida quer show em todos os jogos, mas nem sempre é possível. Os adversários não estão mortos – eles estudam a Espanha, criam antídotos e preparam armadilhas. Alguns deles conseguem anular a armada espanhola. Mas de alguma forma a fúria vermelha reaparece, segue em frente e se prepara para dar espetáculo quando a chance aparece.

Essa é a única explicação que consigo ver para as vaias e críticas. Porque considerar “chato” o futebol espanhol é uma chatice. Ou uma burrice. Afinal, como desmerecer o eficiente toque de bola espanhol? Além de ser dificilmente copiável, é a melhor contribuição para a defesa. Os adversários ficam pouco com a bola e ainda se desgastam na marcação. Não é difícil explicar a invencibilidade de Casillas, que sofreu apenas um gol na Euro.

Mas as qualidades espanholas vão além das linhas de passe. A agressividade para roubar a bola e a marcação por pressão criam até mais dificuldades para quem tenta lhe enfrentar ou copiar. E o que chama mais atenção é a inteligência dos jogadores. Eles sabem a hora de avançar com tudo, de controlar o ritmo, mandar na partida. Foi assim contra a Itália e é assim contra todos. Por isso vence quase sempre e espanta qualquer chatice.

É claro que existem problemas. Mas eles não são ignorados. A falta de objetividade, por exemplo, foi algo que sempre preocupou. Mas tanto na Copa de 2010 quanto na Euro deste ano a seleção espanhol percebeu o erro e corrigiu durante a competição. Contra a Itália, na final deste domingo, foi possível ver uma Espanha em franca evolução. O que já é bom pode ficar ainda melhor. A ideia de usar Fàbregas como “falso centroavante” não é ruim, mas precisa ser trabalhada. Vai demorar, mas certamente dará certo.

Chato é ver o Chelsea jogar. Chato é ver o Atlético-GO jogar. Ver a Espanha só é chato para quem não gosta de ver a história do futebol sendo feita. Pois é exatamente isso que os espanhóis sabem fazer de mais legal: entrar para a história do futebol como uma das seleções mais incríveis de todos os tempos.

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